O choque das gerações para a liderança de design

Rodrigo Lemes
Gerente de UX
,
Itaú
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A pandemia mudou tudo em 2020.
Por isso este artigo foi revisitado por quem escreveu em entrevista para o UXNOW com apoio da Deeploy.me

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Ao longo de 12 anos atuando em cargos de liderança, percebi mudanças mercadológicas, tecnológicas e culturais que fizeram com que o cenário e a atuação do designer passassem por diferentes ciclos. 

Obviamente isso ainda está em processo de mudança, porém é possível avistar um horizonte, com novas siglas e papéis que segmentam os olhares desses profissionais para a jornada, a tecnologia e o usuário. Podemos contar com o fato de que essas mudanças, citadas anteriormente, acontecem em diferentes tempos em muitos territórios do país. Contamos ainda, com a existência de regiões no Brasil em que se apresentam em fase transitória para a valorização do designer da experiência do usuário, como peça chave para o estudo de produtos digitais, criando uma diferença cultural e mercadológica, no qual o foco dentro das grandes capitais e a procura por esse tipo de profissional se distingue das demais partes do país.  

Além de todo esse cenário para o profissional de design, em que se tornou um personagem, que perpassa por essas mudanças, temos um outro personagem que nasce da árvore de desdobramentos: o líder de design. 

Seu papel surge com fundamental importância para direcionar profissionais de design com relação aos objetivos de negócios, qualidade e entregas relacionadas ao design dado um cenário ainda desconhecido por muitos. A liderança de design, que antes tinha um papel muito mais relacionado ao gerenciamento de projetos, hoje se apresenta como peça fundamental, para direcionar equipes e conectar pontas corporativas entre departamentos. Sempre buscando pelo alinhamento para a melhor entrega de design, mesmo quando o contexto não contribui para isso. 

Para falar sobre o papel do líder de design, percebo que existe uma série de elementos que destacam o designer como um perfil profissional com características peculiares de sua área, exigindo assim aplicações de lideranças diferentes do que é conhecido ou mesmo trivial, se é que existe algo trivial em liderar pessoas. Além de uma área que tem se destacado no mercado, temos outros elementos que forçam um olhar diferenciado, como por exemplo, a mudança constante de perfis, os tipos de entregáveis que o design pode proporcionar para as empresas e as diferentes gerações de pessoas atuando ao mesmo tempo no mercado, tudo isso reforça o argumento que, para liderar equipes de design é fundamental que quando possível a atuação do líder também tenha uma base em design. Principalmente para entender o que se passa dentro do contexto onde as equipes vivenciam dentro das empresas em que atuam. 

Para mim, diferente de algumas áreas profissionais em que seus papéis já são consolidados, podendo ter um menor índice de mudança, como por exemplo engenheiros, programadores e administradores, esses cenários mostram que nessas áreas é possível que a atuação e as mudanças não sejam constantes, por serem territórios consolidados. Quando falamos de designer, as mudanças e adaptações de perfis, atuação, segmentação e modelos de empresas é gigantesco e inconstante, por isso essas mudanças e novos desdobramentos exigem da liderança um olhar atento em como fazer com que equipes de design acompanhem o que o mercado espera como resultado esperado.

Além do fato da liderança de design precisar ter um olhar refinado e uma base em design, existem muitos elementos em que esse papel precisa ser trabalhado. Para levantar todos os pontos necessários, provavelmente não caberia apenas em um capitulo como esse. Com isso, destaco um para que possamos refletir sobre o exercício do papel do líder e seu olhar apurado com base em design, considerando a liderança para as novas gerações um dos maiores desafios atuais. Líderes ainda estão no início do entendimento com relação ao comportamento dos novos designers, e com isso existe a tentativa de criar modelos que possam atender e reter as expectativas dessa nova onda comportamental que está atuando dentro das empresas. 

Ao longo desses anos, entendendo e exercendo o papel como líder e como professor universitário, pude conviver com essa transição de gerações e suas mudanças de comportamentos. Para líderes de design, além de construir um papel que ainda não está consolidado, como desenhar estratégias corporativas das quais a valorização do design possa ter peso de atuação, o líder com pessoas de design se torna um dos elementos chaves. Pois junto disso ainda existe a incessante discussão sobre a maturidade de design dentro do mercado. O que reforço constantemente que não tem como separar a maturidade do mercado sem antes lidar com a maturidade do profissional de design. Dessa forma, saber lidar com a nova geração é a solução para fazer com que a maturidade possa acontecer de dentro para fora. Posso afirmar que todas as gerações têm suas especificidades, mas posso assegurar que essa é muito mais fácil lidar, mais fácil até que a minha própria.

O primeiro elemento que deixo como dica para você que está nesse capítulo e pretende atuar como líder de design com essa geração chamada millenials, é ser claro e transparente. Mesmo essas duas palavras parecendo muito próximas em seus significados, no dia a dia lidando com pessoas, elas podem ser muito diferentes. A primeira está na forma como você se comunica, na linguagem, na formatação e estilo do qual quer sem visto e entendido. A segunda, a transparência se conecta ao fato de deixar tudo simplificado quando for transmitir, contextualizar e alinhar com esses profissionais assuntos como a situação do mercado, da empresa, da equipe e dele s mesmos. Eu conecto a clareza e a transparência com o simples fato de que essa geração é a geração da ansiedade. Segundo dados da OMS, o número de brasileiros com crise de ansiedade é mais que o triplo do que as gerações anteriores e essa quantia só tende a aumentar para os próximos anos. Fazer com que exista um canal de comunicação legível na linguagem e o entendimento de tudo o que está acontecendo, contribui para a diminuição de uma ansiedade corporativa completamente desnecessária para essa geração.

O terceiro elemento fundamental para lidar com a nova geração é a liberdade. Modelos de gestão onde o micro gerenciamento eram fundamentais e exigidos não funcionam mais com esses novos perfis. Quando falamos de liderança, tem se discutido muito os modelos de gestão que faz parte dos novos modelos de líderes. Dentro desse cenário uma das coisas que caem por terra é a tentativa de controlar e micro gerenciar todas as entregas possíveis. Para isso, é muito mais fácil focar na qualificação do profissional de design, para que sua entrega seja possivelmente mais garantida e boa, do que ter que cuidar de cada item de design que deve ser distribuído para outras áreas. Nesse ponto é justamente o que as novas gerações buscam, qualificações de seus papéis e a liberdade baseada na confiança do que podem fazer. Um líder de design precisa fundamentalmente saber delegar e confiar em seu time, criando um laço sustentável de qualidade entre os profissionais.

O quarto e último item que vou escrever para vocês, é que cumpra toda as suas promessas. Se existe uma coisa que pode destruir completamente todo o trabalho de uma liderança de design, é prometer qualquer coisa e não cumpri-la. Não existem meias promessas, não existem alternativas. Se for para prometer ações, promoções, crescimento, valorização e não conseguir esse resultado, é melhor não prometer nada. Creio que esse item se justifica com a transparência e clareza que um líder de design deve ter em mente, para ganhar essa nova geração. Saiba que os laços de confiança e engajamento são baseados em ações que realmente podem ser feitas. Vejo uma diferença abrupta entre as gerações, pois em gerações anteriores os valores são outros, o consentimento de promessas não cumpridas, a falta de clareza e transparência não são itens primordiais para o engajamento dos indivíduos em suas equipes. 

Acredito que o fundamental é que líderes de design não deixam de atuar e olhar para o design em sua essência. Pois nunca fui tão exigido como designer como nesses últimos anos, liderando equipes e buscando entender como os seres humanos funcionam. Com todas essas mudanças, claramente deixei de ser o gerenciador de projetos para ser o líder de designers, pesquisando, mapeando, entendendo as personas, testando, aplicando e voltando ao ciclo completo, para chegar sempre em uma liderança inspiradora.

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Rodrigo Lemes
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Gerente de UX no banco Itaú Unibanco, especialista em gestão de design e marketing, possui mais de 20 anos na área de design. Atuou como líder em empresas como Samsung, Movile, Venturus, valor Econômico e Ci&T. Outra paixão é ser professor e com o seu canal do Youtube, DesignTeam, compartilha conteúdos sobre carreira e desenvolvimento do design no mercado brasileiro.

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